Não sou do tipo de cara que, como diria bem minha avó, “pula
carnaval”. Não tenho nada contra a comemoração, só não que é pra mim. Normalmente
monto uma programação própria para os dias de folia. Vejo filmes, coloco minhas
séries em dia, leio algum livro atrasado ou me rendo à procrastinação mesmo. Carnaval
pra mim é isso e me sinto muito feliz assim.
Sei que muitos não conseguem entender. Afinal, moro no Rio
de Janeiro, local onde a folia é vivida intensamente e por todas as ruas e
bairros da cidade. É legal, eu sei. Mas não é pra mim. E cada vez mais sinto
que tenho pouca vontade de fazer atividades que envolvam muitas pessoas. Pessoas
demais. Não sei se é a idade que vem chegando, mas percebo que minha tolerância
para multidões e passar calor com os outros, é menor a cada dia.
Enfrentar enormes filas para conseguir usar o banheiro
(quando ele existe no local) ou para comprar bebida não é exatamente minha
visão de diversão. Gosto de estar com meus amigos, claro, mas também gosto de
estar no meu conforto. Quando se tem 18
anos, passar sufoco é legal, é bacana, basicamente é ter história pra contar. Mas
depois de um tempo é só chato e sinônimo de irritação. Ninguém gosta de sair de
casa para passar perrengue na rua.
Lembro que algum tempo atrás, uns dois anos talvez, vi uma
matéria em um jornal sobre “carnaval alternativo”. Basicamente, a matéria era
sobre pessoas que não gostavam de carnaval e faziam toda uma programação
alternativa durante os dias de comemoração. Desde então parei de me importar de
vez com os 4 dias em que se pode tudo. São 4 dias que valem como um ano para
alguns, uma boa maratona para outros ou só 4 dias em que toda a cidade para e
uma alternativa se faz necessária, no meio de tantos foliões pelas ruas.
Esse carnaval, por motivos de trabalho, não montei uma programação.
Com o pouco que me foi possível, aproveitei e descansei. Tirei um tempo que
estava precisando e fiquei comigo mesmo. Escrevi, cheguei a continuar um livro
que estou enrolando (mas por motivos de cansaço do que ser um livro chato) e
assisti minhas séries. Terminei o que estava acumulado e iniciei outros
episódios. Usei esses dois dias que tive para colocar um pouco de ordem no meu
tempo (ou na falta dele).
Sei que pode parecer que não sei o que é diversão, mas nos
dias de hoje, ter um tempo pra ficar entre as coisas que eu gosto é a melhor
coisa do mundo. Posso não ter pulado feito louco, bebido muito e nem ido em 560
blocos por dia, mas aproveitei da minha maneira, como se não houvesse amanhã. E não me arrependo.
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Silvestre Mendes, o nosso colunista de quinta-feira no Barba Feita, é carioca e formado em Gestão de Produção em Rádio e TV, além de ser, assumidamente, um ex-romântico. Ou, simplesmente, um novo consciente de que um lance é um lance e de que romance é romance.
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