Então você se depara esta semana
com a seguinte manchete:
Claro que a felicidade em saber
que agora a criança encontrou um lar e é amada me deixou imensamente feliz, mas
por outro lado foi um choque conhecer os verdadeiros motivos porque a criança
fora rejeitada. Os tais casais a acharam feia e negra demais. Sim, ainda nos
deparamos com tamanha insensatez por parte de pessoas que, não podendo ter
filhos, acham que adoção é como ir no supermercado, escolher o produto e levar
pra casa.
Pois é. Não é. Mas o que
acontece? Crianças brancas são as mais procuradas, são os produtos mais caros
enquanto as negras, sempre a carne mais barata, ficam em segundo plano. Normalmente, essas últimas caem nas mãos daqueles que realmente querem ter um filho, amá-lo, educá-lo, oferecer o que uma criança realmente precisa. Mas existem aqueles que
querem filhos para frequentar festinhas, fazer a social. A criança para estes é
um bibelô, não um filho.
E o que parecia tão fácil,
termina por ficar nas mãos de uma burocracia medonha, de uma falta de tato, de
leis que não auxiliam e não evoluem junto com a sociedade que vivemos. Defender
a tal família brasileira não seria defender essas crianças? Encontrar para elas
pessoas que as amem independente de como elas sejam? Não seria tão simples? Mas, por que complicar tudo? Por que fazer com que uma criança sofra tanto?
Infelizmente, vivemos numa
sociedade que sobrevive ao caos que ela mesma criou ao longo dos anos. Nosso
país não está preparado para o futuro e ele já chegou há muito tempo. É
lamentável ver que nosso Congresso não discute leis sérias e tenta se preocupar
com o dia do orgulho hétero, como se os heterossexuais sofressem alguma discriminação
em seu trabalho ou em seu lar apenas por gostarem do sexo oposto. Ou pior, ver
que nosso Congresso pode restringir a adoção aos casais heterossexuais, aqueles
mesmos que rejeitam crianças por serem negras.
Sim! É isso que assistimos, sem
poder fazer nada, já que revolução virou uma palavra perigosa confundida com
vandalismo. E, sem citar os escândalos que nem citarei aqui, vemos que não existem
políticas para abreviar a situação de milhares de crianças que agora, neste exato momento, gostariam de ser adotadas.
Para uma criança, não importa se o pai ou mãe é gay. Elas querem amor. Simples assim. O garotinho desta matéria que eu citei no começo do texto teve sorte mas, quantos ainda estão à espera de enfim terem uma infância acolhedora repleta de carinho, amor, educação e instrução?
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Para uma criança, não importa se o pai ou mãe é gay. Elas querem amor. Simples assim. O garotinho desta matéria que eu citei no começo do texto teve sorte mas, quantos ainda estão à espera de enfim terem uma infância acolhedora repleta de carinho, amor, educação e instrução?
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Serginho Tavares é um apreciador de cinema (para ele um lugar mágico e sagrado), da TV e da literatura. Adora escrever e é o colunista oficial do Barba Feita às sextas. É de Recife, é do mar: mesmo que não vá com tanta frequência até a praia e mantenha sempre os pés bem firmes na terra.
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Um comentário:
Achei essa estória linda e seu texto excelente!
Duvido que um lar hetero lhe desse tanto amor e carinho aliás, não deu porque veja de onde ele veio.
Nojo dessa sociedade podre e escrota..
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