Já percebeu que fazemos amizades
virtuais sem perceber? Sério. Para e pensa um pouco só. Em época de postagens
aqui e ali, é impossível não se identificar com alguém que você nunca viu pessoalmente
na sua vida e muito menos tomou um chopp e abriu seu coração. Eu mesmo vivo me
identificando com as pessoas que nem bem conheço pessoalmente, mas já considero
muito (virtualmente).
Por exemplo, foi através da minha busca por opiniões literárias
que descobri o canal no Youtube Cabine Literária. Lá me senti completamente acolhido
por pessoas que me entendiam (no carinho por livros) e com alguns sentimentos
parecidos com os meus (por determinado livro). Foi um alívio assistir aos
vídeos do Gabriel Utiyama e perceber que não estava errado ao
odiar certa obra, mas o problema estava com as outras pessoas por gostarem de algo tão ruim!
Maior exemplo? Bruxos e Bruxas, do James Patterson. Pode me obrigar a fazer
qualquer coisa nessa vida, mas não me mande tentar ler aquilo de novo. É horroroso
demais.
Ficou curioso? Você pode ver o
vídeo que estou falando >>> AQUI <<< com a opinião do Gabriel,
mas só assim que acabar de ler o meu texto, combinado?
Foi também, tenho que admitir, através
do Youtube que conheci o Porta dos Fundos. Ou conheci o Porta dos Fundos e através
deles passei a “conhecer” os vídeos no Youtube? Bem, não importa. Mas foi mais ou
menos assim que descobri o Gregório. Sim, o Duvivier. Via os vídeos dele – ou
que tinham a participação dele, mas que os roteiros não eram necessariamente dele
– e gostava. Ele era engraçado, mas parecia que tinha mais. Olhava para o
Gregório e era como se fosse possível ver que existia mais. Ele não era só
ator, não podia ser. Tinha uma expressão muito inquieta, com olhar meio
perdido. Ou seria autista em um grau menos avançado ou cronista, dramaturgo, romancista.
Não, romancista não. Um sonhador talvez, mas não um romancista.
Bem, em algum momento entre
descobrir quem ele era e que a Clarice não só cantava como era a namorada dele,
me deparei com uma crônica do Gregório para a Folha, e ao passar os olhos por
cada linha, eu ri. Não, o texto nem era engraçado. Era sarcástico, espirituoso,
mas não era engraçado. Era inteligente, com ótimas sacadas. Admito que a
sensação foi de ler algo que gostaria de ter escrito, mas que não poderia por
não ser o Gregório. Mas não fiquei triste por isso. Pela parte da escrita talvez,
mas olhei para o lado positivo da questão. Ele é baixinho e eu tenho 1,79 de
altura (quase oitenta, mas é setenta e nove). E vou ser muito honesto com você,
não saberia ser baixinho. No mundo onde as pessoas colocam tudo em prateleiras
bem altas, eu não poderia ser baixinho. Não teria como ser. Somando esse inconveniente,
não seria o Gregório, mas ele seria o meu amigo. Melhor dizendo, ele é o meu
amigo virtual. Que escreve textos que mexem comigo e que me instigam a ter
mais, ir mais e, em outros momentos, a ser “menos”.
Também
não da pra esquecer da Jout Jout – já comentada por aqui através desse texto: Meus Novos Canais Favoritos do Youtube. Só tenho elogios. Como o mundo é
engraçado através dos olhos dela. Já parou para pensar como levamos certas coisas muito a sério? As vezes é engraçado e tudo bem ser engraçado. E como me identifico bastante com a Jout Jout. Não sei se seríamos
amigos do peito de tomar chopp por aí, mas acho que daríamos suporte um ao outro
através do WhatsApp. Fazemos muitas maratonas de séries. Gente que faz maratona de séries é legal, não tem como não ser. Não sei, trocaríamos áudios nas nossas conversas. Acho que eventualmente, em algum
momento isso poderia acontecer, mas também penso que não teríamos coragem de falar o
que pensamos em voz alta e na frente dos outros. Não enquanto a amizade ainda não está solidificada e pagar mico na frente de estranhos faz parte disso. Do código de amigos. Coisa que amigo só faz com amigo. E que, às
vezes, assusta. Os outros, não a gente.
Através de vídeos e redes
sociais, amigos que não são “amigos”, mas que estão por aí, são feitos a toda
hora e o tempo todo. Seja em uma frase de 140 caracteres, em um vídeo de quatro
minutos, em uma crônica em um site de jornal ou falando sobre livros... Ou escrevendo textos sobre a vida em um certo blog por aí.
Ou seja, encontre seu amigo virtual e liberte-se.
Ou seja, encontre seu amigo virtual e liberte-se.
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Silvestre Mendes, o nosso colunista de quinta-feira no Barba Feita, é carioca e formado em Gestão de Produção em Rádio e TV, além de ser, assumidamente, um ex-romântico. Ou, simplesmente, um novo consciente de que um lance é um lance e de que romance é romance.
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