Hoje em dia eu divido a humanidade em dois grandes grupos: os que são do bem e os que não são. Longe de acreditar num maniqueísmo puro e simples – até porque, sempre sou lembrado, pessoas boas não se tornam más por terem uma atitude má e pessoas más não se tornam boas por terem uma atitude boa –, aos poucos a vida nos ensina que índole existe e é inata. A única diferença é que uns podem extravasá-la ou reprimi-la, de acordo com o ambiente.
É tão bom ser do bem e ser
rodeado de pessoas afins. Acredito plenamente na lei da afinidade. Quanto mais
você deseja e cultiva coisas boas, mais atrairá pessoas que têm o mesmo
objetivo.
No último fim de semana, estive
em uma breve visita institucional em São Paulo. Fui sozinho. Ao chegar lá, me
deparei com pessoas tão queridas e tão boas de coração que me senti
extremamente confortável. Em casa mesmo. Comentei que não estava me sentindo
muito bem por algo que comi. Recebi atenção e mais demonstrações de amizade.
Mesmo explicando que pegaria um táxi, fizeram questão de me levarem ao hotel.
Falando em táxi, dia desses
peguei um para voltar para casa depois das 23h. Lembro que, ao descer, fui
buscar a chave para abrir o portão. O senhorzinho que o conduzia não saiu
enquanto não me viu em segurança, dentro do prédio. São gestos tão prosaicos,
mas carregados de carinho e despretensão, que nos lembram que vale a pena
acreditar na humanidade.
Por outro lado, quando falamos de
pessoas boas, necessariamente ressaltamos que existem as más. Sim, elas
existem. E não vestem apenas roupas escuras, falam de forma grave e dão
gargalhadas malévolas.
Convivi por muitos anos com uma
pessoa que fez muitas de suas pequenas maldades. Eu fui uma de suas vítimas que
menos sofreu; tinha uma amiga que era perseguida constantemente. A pessoa fazia
de tudo para vê-la pelas costas e admitia que tinha inveja dela. Diminuía os outros,
comparando que ela havia nascido no Leblon, diferentemente de quem nasceu no
interior ou morava na Tijuca. Comentava os defeitos físicos dos outros com
reais requintes de superioridade. Chegou ao ponto de travar uma briga com o
copeiro que, para fazê-lo tomar advertências, sujava todas as colherinhas que
ficavam dispostas nas xícaras nas quais ele iria servir o café. A ideia dela
era um dia ele entregar uma com sujeira a um dos sócios ou um alto diretor.
Acabou demitida depois de ser desmascarada por ter pego um empréstimo de alguns
mil reais com uma colega, o qual ela nunca pagou – mesmo a colega tendo se
endividado acreditando na sua história triste.
Também tive em meu convívio constante
outra figura por muitos anos que, após uma ruptura causada por divergência de
ideias e filosofia de vida, começou a tentar contaminar todo o meu entorno para
tornarmos eu e meu companheiro vilões de sua história. Ao ponto de buscar fazer
as pessoas acreditarem que desviávamos dinheiro da nossa instituição religiosa (o
que foi sumariamente desmentido em fatos) e sempre buscar formas de, mesmo após
sair dela, manter a vigilância e arrumar sempre empecilhos para andarmos para a
frente sem ele. Juntou-se com outros que haviam se desligado da mesma
instituição, com quem ele mesmo tinha brigado (pessoas igualmente pequenas, que
valorizam fofocas e picuinhas sempre), somente para fazer uma campanha
difamatória.
Eles estão por toda a parte e, infelizmente,
próximos à gente. Mas, como falei, acredito na afinidade. Mais hora, menos
hora, as atitudes de quem não é bom aparecem e naturalmente afastam quem é.
Importante é sempre lembrar que para cada um desses, existem diversos outros
abraços, sorrisos e bons sentimentos espalhados por aí. Ser do bem vale a pena.
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Paulo Henrique Brazão, nosso colunista oficial das quartas-feiras, é niteroiense, jornalista e autor do livro Desilusões, Devaneios e Outras Sentimentalidades. Recém chegado à casa dos 30 anos, não abre mão de uma boa conversa e da companhia dos bons amigos.
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Um comentário:
É foda, as pessoas são boas e ruins ... tem o bom coração quando lhes convém ... seres humanos, complicados em essência.
Gossip of Men
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