Para muita gente, hoje é
aquele dia aguardado que prenuncia o fim de semana merecido a todos que
labutaram. Para mim, é apenas mais um dia das minhas férias acadêmicas. Julho
nunca foi um mês que eu gostasse muito. Costumava adoecer bastante com a
mudança do clima, ora chuvoso, ora abafado, ora as duas coisas. Mas como eu
dizia para mim, a sexta-feira, por enquanto, é apenas um dia, mas sempre o começo
de algo; bem ou mal, começar sempre faz bem. As crises de ansiedade persistem, sempre
existiram, aliás, são parte de mim, não que elas me tornm uma pessoa melhor, claro e
eu gostaria de viver sem elas. Lembro que gostaria de ter sido mais honesto com
minha última psicóloga, não que tenha mentido, não, não foi isso, mas ainda tenho
uma certa dificuldade em conversar determinados assuntos com o sexo oposto. É
isso, eu deveria ter resolvido lá, mas não é algo que me impeça de crescer. Saí
das sessões com ideias bem definidas e, com certeza, para ela não havia mais
onde avançar comigo.
Talvez isto eu resolva com o tempo, ou não. Como eu disse, não me impede de prosseguir. Nesse momento, já passam
das duas horas da madrugada, o silêncio me ajuda, consigo escrever. Encontrei uma
forma de fazer com que a maldita insônia sirva para algo. Mas eu deveria estar
dormindo, deveria ter um alerta que me avisasse que certas coisas não devem ser
feitas de madrugada quando, de repente, poderei começar a vomitar as palavras aqui
no Barba. Desabafos a essa hora seriam perigosos? Sabe-se lá quem estará lendo
ou quem poderá fazer mal-uso das coisas que escrevo aqui? Não. Não há necessidade à esta altura de ter medo disso. Mas, para diminuir a culpa, eu lembro das
pessoas que me pedem para escrever mais sobre mim. Obviamente, nem sempre eu
consigo, melhor deixar guardado algumas coisas, contar tudo não é bom. Mas
prometo que de vez em quando poderei deixar-me desnudar um pouco. E eu não estou falando do meu amor pela escrita aqui e sim do meu amor por mim mesmo, pela vida. Demorei a aceitar que sim, eu mereço ter a vida que sonhei.
O que acontece é que hoje
eu sei bem o que quero. Eu sou um quase publicitário que deseja se especializar
e que tem uma verdadeira paixão pela vida. Lembro que a terapeuta disse que
percebia essa minha paixão pela vida. Talvez hoje em dia eu não guarde tanto
sobre mim como antes, não apenas para aquelas pessoas que atravessaram o véu da
minha confiança. Com o passar do tempo deixei para trás essas convenções que, no
fundo, apenas me afastavam e sufocavam; eu desejava tanto falar e não dizia, perdia as oportunidades e sofria. Tolices. Certa vez me disseram que eu tinha um comportamento
de autodefesa. Sim, acredito que sim, mas quando você vai envelhecendo ou vai
aprendendo a ser uma pessoa melhor, ou enferruja e vira um velho chato cheio de
manias e, juro que não é isso que quero para mim. Já basta ser resmungão,
falastrão e perfeccionista, possessivo, porém, eu sei reconhecer isso e corrigir
isso também. Parabéns para mim que consegui perceber com o tempo. Talvez um tanto
tardio, mas eu percebi.
E eu não quero isso, eu
vejo o quão chato é, e deveras maçante, e fujo desse tipo de comportamento. Não
sei se a minha juventude vai durar para sempre, talvez tenha feito o mesmo
pacto que Dorian Gray, mas não quero terminar como ele. Como eu disse, adoro
viver e, como dizem por aí, apenas se vive uma vez e eu passei muito tempo sobrevivendo.
Eu tenho muito o que fazer, eu sei disso. Eu não sei se vou deixar um nome
marcado na mente das pessoas, meu ego adoraria, mas se conseguir fazer com que
as pessoas identifiquem uma pessoa que realizou o que pretendia, então já está
bom. Cabe a mim é continuar, olhar para frente e prosseguir. Como todo mundo
que espera a sexta-feira.
Eu escolhi a sexta-feira para escrever aqui sem motivo aparente. Poderia ter sido terça, quarta, ou quinta, mas não seria o sábado, nem a segunda. Domingo muito menos!
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Serginho Tavares é um apreciador de cinema (para ele um lugar mágico e sagrado), da TV e da literatura. Adora escrever e é o colunista oficial do Barba Feita às sextas. É de Recife, é do mar: mesmo que não vá com tanta frequência até a praia e mantenha sempre os pés bem firmes na terra.
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