Trinta anos sempre foi uma idade meio
misteriosa pra mim. Lembro que quando mais novo, o que achava legal era ter vinte e cinco.
Aos vinte e cinco já não existia faculdade. Só trabalho e diversão. Isso, aos
olhos de uma criança, claro. Quando completei vinte anos tive o meu primeiro
susto. Era o mesmo cara e com os mesmos medos de quando tinha dezesseis. Fazer
vinte e quatro, cinco e seis não foi muito diferente disso. A idade vai ficando
maior e todo o resto continua com a mesma proporção que tinha quando se era mais
novo. Menos as roupas que acompanham a idade e vão subindo de número. Aliado ao
cabelo que foi diminuindo.
Parece trágico, eu sei. E até foi
em alguns momentos em algumas questões. Os sonhos tornaram-se outros, claro. Também
troquei de crush aqui e ali. Me apaixonei e desapaixonei algumas vezes ao longo
dos anos e da “maturidade”. Mas o Silvestre, aquele que pensava que os vinte
cinco anos eram o máximo, aquele inocente, continuava o mesmo. Até que vieram os
meus vinte e seis anos e tudo mudou. Tive minha primeira perda. E me vi mudar.
Mudar de verdade pela primeira vez. Percebi como funcionava em situações
limite, de pressão, e gostei disso. Gostei de ver minha digievolução, se é que
você me entende.
Mas cresci por um lado e continuava
o mesmo em outras coisas. E isso durou um tempinho a mais. Só que aos vinte e
oito desencanei de certas amarras que me faziam permanecer em um eterno
episódio de Malhação. Parei de sofrer por não me adequar fisicamente ao corpo
que todo mundo diz que você tem que ter. Também parei de me torturar por meu cabelo
diminuir progressivamente. Me olhei e percebi que meu corpo também estava
evoluindo (que ironia, não?), mas em outros aspectos. Por exemplo, perdi o
cabelo, mas ganhei na barba e isso me ajudou a ter outra imagem e também a chamar
outro tipo de atenção. A primeira vez que eu era um Silvestre diferente.
Mas os trinta vinham caminhando em
minha direção a passos largos e eu sentia certo medo. É a segunda troca de
idades que tenho. Sai da casa dos dez + alguma coisa e fui parar na casa dos
vinte e alguma coisa. Agora saio dos vinte e tenho, nos próximos dez anos, um
novo terreno para trilhar. Mas se os últimos “vinte” me ensinaram algo, com toda
certeza é ter menos medo da jornada que se inicia. Se aos vinte e poucos anos
somos uma extensão dos dez e tantos outros, aos trinta somos novos, mas sem
tanta inocência.
Sei que não devo colocar tanta
responsabilidade em uma idade que vou conhecendo aos poucos, mas é preciso dar
um voto de confiança. Afinal, trinta anos, eu te conheço pouco, mas te considero
pra caramba!
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Silvestre Mendes, o nosso colunista de quinta-feira no Barba Feita, é carioca e formado em Gestão de Produção em Rádio e TV, além de ser, assumidamente, um ex-romântico. Ou, simplesmente, um novo consciente de que um lance é um lance e de que romance é romance.
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