Hoje meu texto será breve. Por um motivo bem razoável: fui
operado na última segunda-feira, depois de diagnosticado com uma apendicite. É
meio chocante você procurar um serviço de emergência por causa de uma febre e
uma dor no corpo (em especial na barriga) e achar que é uma virose tipo zika, e
receber a notícia de que você terá que ser operado naquele dia mesmo. Logo eu,
que sempre falava que apêndice só serve pra causar apendicite e mais nada. Ao
menos, descobri agora que se eu fizer a operação dos sisos, já posso ir para a
Antártida (são as únicas cirurgias que não se fazem por lá).
2016 apresentou um cartão de visita nessas suas três primeiras
semanas bem do indigesto. Logo no primeiro dia útil do ano, fomos surpreendidos
pela notícia de um grande amigo que mora em São Paulo que ficou desaparecido
por dias no Rio de Janeiro. Quando já quase não restava esperanças, o
encontramos, vítima de um golpe, internado em uma UPA. No dia seguinte, outro grande
amigo, de infância, sofreu um acidente com sua moto, que acabou com a morte de
uma pessoa e a fratura do seu fêmur. No mesmo dia, minha avó foi operada com
glaucoma nos dois olhos. Amigos se separaram de forma traumática nessas semanas...
E na mesma segunda-feira em que operei, recebi a notícia da morte de uma prima,
que deixa seus dois filhos pequenos e meu primo, seu marido. Ainda de forma
difícil de entender.
Se posso tirar algo positivo de isso tudo foram os recados e
a corrente do bem que recebi enquanto estava no hospital. E ainda recebo. Vieram
de diversas partes do país e até do mundo. Amigos íntimos, aqueles não tão íntimos
assim e até pessoas que eu não conheço. Do trabalho, do templo, da academia, da
faculdade, da época de escola... do Brasil, dos EUA, da Inglaterra, da Turquia,
da França... fui rodeado e inundado por boas energias dessas pessoas, que
apenas queriam o meu bem. Só tenho a agradecer!
Num momento como esse, por mais simples que seja o
procedimento, a gente se depara com a pequeneza da nossa vida. E com tantas
outras situações desagradáveis se passando com amigos e parentes à nossa volta,
só nos resta valorizar estarmos vivos e com saúde. Se faltar a saúde, a gente
ao menos corre atrás, mesmo que seja com uma cirurgia surpresa.
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Paulo Henrique Brazão, nosso colunista oficial das quartas-feiras, é niteroiense, jornalista e autor do livro Desilusões, Devaneios e Outras Sentimentalidades. Recém chegado à casa dos 30 anos, não abre mão de uma boa conversa e da companhia dos bons amigos.
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2 comentários:
Somos todos sobreviventes a cada dia que levantamos, assim como o equilíbrio do nosso universo que é tão frágil e nós somos apenas um pedacinho dele. O privilégio de ser um escritor é poder digerir essas experiências. Um abraço.
Graças a Deus que foi só isso, depois de tantas turbulências terá que vir a abonaça,estarei sempre na torcida por vc, mesmo um pouco longe, to adorando ler seus textos,sempre que o face me notifica que tem um texto novo,te admiro muito,VC é um ser muito evoluido.
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