Das poucas coisas que foram realmente nossas. Daqueles momentos que nada nem ninguém pode nos tirar. Tenho sua primeira imagem, todo de negro, na esquina daquela empresa, onde faríamos a mesma entrevista de emprego. Seu olhar sorrateiro e disfarçado. O impacto de ouvir sua voz pela primeira vez.
O sabor das media-lunas argentinas. O filme Minha Vida Sem Mim. A canção de Ney Matogrosso, aquela que você amava, e que eu passei a amar por sua causa. O best-seller de Dan Brown. O Segredo de Brokeback Mountain.
Nossa primeira conversa a sós, olhos nos olhos, num final de tarde no Parcão. A corrente elétrica que percorria meu corpo com um simples aperto de mãos. As histórias de suas viagens como comissário de bordo. O dia em que me revelou seu maior segredo.
A promessa de um beijo não consumado. A emoção de reencontrá-lo depois de ter decidido sair da sua vida pra não atrapalhar seu relacionamento, e esse reencontro ter partido de você, que fez questão de me abraçar pelo meu aniversário dois dias depois, porque no dia não teve como ligar, mas não esqueceu a data, e aquele abraço foi o mais mágico de todos que eu já ganhei na vida. E naquele momento, eu transbordei.
E tantos íntimos olhares, toques tímidos, palavras pela metade, desejos sufocados, declarações não feitas. Você sabia do meu amor, e eu sabia que você sabia. E o que tínhamos era isso, um acordo tácito. Um sentimento que não se verbalizava. Um romântico silêncio que dizia, que um dia, poderíamos ser mais do que amigos, mas nunca fomos.
O que a gente tinha era ar, suspiros, devaneios, bolhas de sabão. Essas coisas que não são palpáveis, mas que se guarda pra sempre no coração...
Leia Também:
![]() |
|
Esdras Bailone, nosso colunista oficial do Barba Feita aos sábados, é leonino, romântico, sonhador, estudante de letras, gaúcho de São Paulo, apaixonado-louco pelas artes e pelas gentes.
|
|
![]() ![]() |
Nenhum comentário:
Postar um comentário