Um ano após o suicídio de alguns jovens,
moradores da zona sul do Rio de Janeiro, em uma roleta-russa, as mães são
convidadas para um encontro. A delegada Diana Guimarães decidiu reunir todas
as mães dos suicidas com o objetivo de tentar esclarecer algumas pontas soltas
sobre o caso. O guia desse encontro acaba sendo uma espécie de diário, com as
anotações dos últimos momentos vividos por aqueles jovens, no porão de uma casa,
antes de cada morte. Incluindo do autor das anotações.
No decorrer do encontro (que está
sendo gravado), as mães vão descobrindo todos, e até então inéditos para cada
uma, acontecimentos da roleta-russa que culminou na morte de cada um de seus
filhos.
Toda essa trama pode soar um
pouco macabra, admito. Só que Suicidas, primeiro livro de Raphael Montes, também
autor do maravilhoso e muito recomendado Dias Perfeitos, é uma viagem
instigante a cada virada de página. O enredo é um thriller muito bem construído
e que te faz querer desvendar cada um dos mistérios propostos pelo autor. E prepare-se:
são muitos.
O primeiro trabalho de Raphael
Montes que tive contato foi Dias Perfeitos. E assim como aconteceu com
Suicidas, li sem parar. Mas voltando um pouco no tempo, lembro que já havia
folheado Suicidas em uma livraria, logo depois de seu lançamento. Lembro,
inclusive, de fotografar a capa do livro para comprar pela internet depois
(acaba sendo sempre mais barato). Mais do que isso, ainda me recordo, como
se fosse hoje, de ficar com a sinopse martelando em minha cabeça. Não deixava
de me questionar. Afinal, o que levou nove jovens a se juntar em um jogo mortal
como a roleta-russa? E o que levaria uma delegada a reunir as mães desses
jovens suicidas e ainda ler o diário daquela noite, com detalhes de cada uma
das mortes?
O que tinha era sensação que aquelas
mães eram, no fundo, masoquistas. E ouvirem sobre aquilo, descobrirem como tudo
aconteceu, também era uma forma de se punirem (de novo). Punição por não terem
percebido o que estava para acontecer. Por não terem salvado seus filhos. E
pelo modo com que vivem hoje.
Após finalizada essa leitura,
tenho a sensação de ter acompanhado uma série policial. A escrita de Raphael
Montes acaba sendo muito visual. Impossível não imaginar cada uma das cenas,
seus personagens tendo aqueles diálogos ou ações. É tudo muito cénico, o que
ajuda a embarcar em sua viagem.
Torço pelo dia que poderemos
assistir, seja em uma série ou minissérie, uma trama policial do autor. Se
levar para televisão tudo o que vem mostrando em seus livros, acompanharemos
não só um grande enredo policial, mas teremos uma trama que será impossível de
não se viciar.
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Silvestre Mendes, o nosso colunista de quinta-feira no Barba Feita, é carioca e formado em Gestão de Produção em Rádio e TV, além de ser, assumidamente, um ex-romântico. Ou, simplesmente, um novo consciente de que um lance é um lance e de que romance é romance.
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