Primeiramente, gostaria de começar esse texto já fazendo um
aparte: minha coluna de semana passada, às vésperas do maior evento esportivo do mundo,
foi um tanto quanto negativa. Embora com uma mensagem de apelo por dias
melhores, ressaltava muito meu medo (e o de tantas outras pessoas) com algum
atentado terrorista. Um alerta necessário, porém, no mínimo, frustrante pelos
dias vindouros.
Eu ainda não havia sido pego pelo tal espírito olímpico. O
mosquitinho do Barão de Coubertin não tinha me picado até a Cerimônia de
Abertura. Depois dela, fui completamente contaminado pela febre que, ao que
parece, não havia demorado a se manifestar somente em mim não: grande parte dos
cariocas e dos brasileiros ainda não estavam vivendo a expectativa pelos Jogos.
A cerimônia foi belíssima. Eu estava apreensivo, cheio do
nosso complexo de vira-lata de que faríamos algo que lembrasse a minha
formatura na alfabetização ou que simplesmente sustentássemos nossa imagem para
o mundo inteiro de um lugar cheio de belezas naturais, samba e bundas (e só). Terminei
as mais de quatro horas de evento extasiado, arrebatado. Feliz por ter sido
surpreendido.
Depois de tantos anos somente tomando na cabeça e recebendo
más notícias atrás de más notícias, tivemos um sopro de esperança e uma onda
positiva que nos lembrou que, sim, temos bons motivos para nos orgulharmos de
quem somos e de morar onde moramos. Voltamos a nos unir em torcida por algo,
estar em um só lado, sem coxinhas e petralhas. Claro, sempre há aqueles
críticos ao evento, alguns até mais radicais. Há quem critique que a cerimônia
exaltou a favela, mas provavelmente seriam os mesmo que falariam mal se a
tivessem escondido. Falar mal também é o esporte preferido de muita gente...
Concordo que houve muitos erros na preparação para essas
Olimpíadas e uma bela apresentação não os apagam. Mas esse processo também serviu
para evidenciá-los e expor muitos dos seus culpados. Além disso, a abertura dos
Jogos Olímpicos só ajudaram a recuperar a empolgação de sete anos atrás, quandoa Praia de Copacabana explodiu em alegria quando saiu o resultado de que o Rio
havia sido escolhido como sede. Ou se esquecem que grande parte da população
torcia pela escolha à época?
Tá tendo Olimpíada, pessoal. E tá tendo muito! Para quem
mora no Rio de Janeiro é possível ver em diversos pontos da cidade – não
somente nas áreas mais privilegiadas da cidade. Tem campeão olímpico em Deodoro
e Engenho de Dentro. Tem gringo (e muito!) passeando pelo novo boulevard da
cidade, que vai da Praça Mauá (cuja revitalização é provavelmente o maior
símbolo da gestão do prefeito Eduardo Paes) até a pira do povo, que está acesa
em frente à Igreja da Candelária.
O espírito olímpico encontrou a carioquice e o casamento foi
perfeito. Tem gente que esperou uma vida toda por esse momento, atletas que
deram literalmente seu sangue para virem ao Rio. Em pouco tempo, já teve campeã
negra nascida na Cidade de Deus, eliminada em 2012, em Londres, e chamada de
macaca nas redes sociais. Teve Maracanãzinho torcendo por Cuba contra a Rússia
e Irã contra a Argentina. Aliás, as provocações, sempre pacíficas, com os
argentinos são um espetáculo à parte.
A diversão é livre por todo o lado, basta querer participar
dela. Aproveitar esse clima de confraternização mundial e torcer para dar certo
é o mínimo que podemos fazer.
Viva os Jogos Olímpicos!
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Paulo Henrique Brazão, nosso colunista oficial das quartas-feiras, é niteroiense, jornalista e autor dos livros Desilusões, Devaneios e Outras Sentimentalidades e Perversão. Recém chegado à casa dos 30 anos, não abre mão de uma boa conversa e da companhia dos bons amigos.
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