Há momentos na nossa trajetória em que é necessário fechar
para balanço. Parar, refletir e divagar sobre uma série de coisas que compõem
aquilo que chamamos, propriamente, de vida. Às vezes, pensamos a respeito apenas
de uma ou outra questão e isso realmente é rotineiro. Mas digo de parar mesmo;
afastar um bocado e refletir sobre uma série de componentes e variantes que passam
despercebidos no dia-a-dia.
Curioso que, quando eu era pequeno, ouvia meu pai dizer que
iria fechar a loja dele para balanço (meu pai sempre teve um pequeno comércio,
desde antes de eu nascer). Não entendia muito por que, em um dia do ano, ele baixava as portas para fazer toda a contagem e equações matemáticas do período,
revendo lucros, despesas, estoques e saídas. Nossas vidas não seguem a dinâmica
de uma empresa, porém, de pequenos atos é possível retirar lições: era melhor
parar um dia para rever exatamente como estava a loja, mesmo que deixando de vender mercadorias, do que ter que fechá-la
um dia de vez, por não saber como e para onde estava indo.
Existem práticas que adotamos ao longo dos anos que sequer sabemos de que forma contribuem para nós como indivíduos: simplesmente seguimos aquele fluxo do “em time que está ganhando não se mexe”. Mas, e se o time tiver um ponto fraco que o técnico identifica, é melhor fazer ajustes quando se está na vitória ou na derrota? Às vezes, pode ser tarde demais para tentar reverter o placar...
É preciso nos analisarmos constantemente como seres humanos.
Nossos atos, nossas virtudes e nossos defeitos. Queremos melhorar em algo?
Podemos contribuir melhor para o meu relacionamento? Para a minha família? Para o
mundo como um todo? Aquela pessoa que consideramos um amigo é realmente uma boa
companhia? A nossa empresa ainda contribui para nós como profissionais? Como
aprendermos mais?
Existe uma pergunta que é talvez a mais difícil de se
responder: as minhas escolhas fazem sentido? Sabemos que a vida é feita de
escolhas e considero que é melhor se arrepender de algo que se fez do que de algo
que se deixou de fazer por receio. Mas avaliar suas decisões, em momentos
cruciais da vida, é fundamental, embora possa ser bem complexo. E que possa trazer respostas reveladoras e até mesmo duras conosco mesmos.
Para isso existe o “fechamento para balanço”. Já
experimentou? Será que não está na hora de colocar a plaquinha na porta e
avisar que em breve vai reabrir novamente – ou não?
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Paulo Henrique Brazão, nosso colunista oficial das quartas-feiras, é niteroiense, jornalista e autor dos livros Desilusões, Devaneios e Outras Sentimentalidades e Perversão. Recém chegado à casa dos 30 anos, não abre mão de uma boa conversa e da companhia dos bons amigos.
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