Fim de ano chegando e aquela onda
de boas coisas invadem as ruas, as televisões e as timelines. É tanta
positividade, tanto espírito natalino, que a gente até pergunta: por onde andou
tudo isso durante todo o ano? Estava adormecido nas entranhas da humanidade ou
não passa de mera figuração para um período em que se cobra um senso de confraternização?
Ontem, ao receber felicitações de
fim de ano de uma amiga junto com um presentinho mimoso, recebi dela os
sinceros desejos de um 2017 “com mais empatia”. E é exatamente sobre isso a
questão.
Empatia é a capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.É tudo o que falta para boa parte da humanidade durante quase todo o ano...
Assim como a chegada de um novo
ano vem para nos lembrar de que temos uma grande oportunidade de fazer muitas
coisas diferentes, com novo gás e novas metas, a aproximação do Natal é uma
oportunidade de lembrar aos que não praticam muito, que boa parte da essência do
ser humano passa pela empatia, pela alteridade, pelo altruísmo. Infelizmente, ainda precisamos
desse lembrete.
Também, infelizmente, vemos tantas
pessoas que se dizem cristãs terem comportamentos tão desconformes em seus
cotidianos e que, nessa época, buscam esbanjar bondade. Vou te contar que tenho
alguns bons amigos ateus e acho que todos eles, sem exceção, são pessoas que
buscam ter comportamentos sempre mais humanos – talvez justamente por não
acharem que depois basta ir à igreja rezar ou pagar o dízimo e ficará tudo bem.
Como ressaltei aqui no meu texto da semana passada, Cristo, o tal homenageado
da data, foi quem nos disse para amarmos o próximo como a nós mesmos.
Lamentavelmente, muitos outros valores parecem ter atrapalhado essa ideia em cerca
de 2 mil anos.
Os mesmos mendigos que são
completos indigentes durante 11 meses a fio, agora recebem olhares e ganham até
alguma esmola ou prato de comida; os orfanatos onde poucas pessoas se esforçam
para conter ano após ano os surtos de doenças, piolho, sarnas e abandono
recebem brinquedos, alimentos e ganham até uma festinha; aquela parte da
família que muitas das vezes não se manda nem parabéns por WhatsApp vem e se
senta à mesa da ceia com os clássicos questionamentos sobre as namoradinhas e as piadas
do pavê.
São lampejos. Como todo lampejo,
melhor do que nada. Mas, ainda assim, que belo seria se, em vez de exceção,
fossem regra.
Que tenhamos, realmente, mais
empatia no próximo ano.
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Paulo Henrique Brazão, nosso colunista oficial das quartas-feiras, é niteroiense, jornalista e autor dos livros Desilusões, Devaneios e Outras Sentimentalidades e Perversão. Recém chegado à casa dos 30 anos, não abre mão de uma boa conversa e da companhia dos bons amigos.
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