Viver não é uma tarefa fácil. Se fosse, não se chamaria
vida, mas, sim, “passatempo nível picolé”. A gente toma tanta porrada no
dia-a-dia, assiste a tanta coisa cruel, vê a face mais vil do ser humano que, às
vezes, esquece de reconhecer quando, por outro lado, pequenas coisas boas se
fazem em nosso caminho. Muitas delas entrando sem alarde, mas chegando para
ficar.
Recentemente, disse a alguns poucos amigos que conheci,
desde o fim do ano passado principalmente, que se tornaram presentes em minha vida.
Logo eu, que sempre fui conhecido por ser mais antissocial, por ter mais
dificuldades em me relacionar em um novo grupo de pessoas. Fui recebido de
braços abertos em um grupo através de dois amigos – e tudo começou por ser da
mesma academia que um deles. Pessoas queridas, companheiros de Réveillon, de
praia, de bloco, de aniversário e até de um papo despretensioso num sábado à
noite com direito a bolo de chocolate.
Aliás, amizades que surgiram em locais inusitados também se
tornaram algo recente na minha vida – definitivamente, nunca me imaginei muito
sendo amigo de alguém na academia, por isso, pra mim, é inusitado, sim. No ano
passado, viajei muitas vezes a trabalho para Brasília. Nessas idas e vindas, no
aeroporto fiz dois amigos com quem falo até hoje, um de Belo Horizonte e o
outro de Salvador. Um deles, converso com frequência quase que diária. E em
Brasília mesmo conheci uma das pessoas mais queridas que a vida me apresentou
recentemente, que acabou também cativando um monte de gente aqui pelo Rio
quando veio à cidade.
No último domingo, voltando da praia com alguns desses
amigos (os de lá de cima, os mesmos do bolo de chocolate no sábado à noite, não os do aeroporto), recebi um WhatsApp da minha mãe.
Um não, vários. Era uma penca de fotos que ela havia encontrado na casa da minha
tia e madrinha. Fotografias que eu nunca havia visto mais: estavam guardadas
junto a lembranças que minha família provavelmente evitava. Eram fotos de uma
época em que minha prima Mônica era viva. Ela faleceu em 1989, se não me engano
com oito ou nove anos, em um acidente de carro. Falar de sua morte era algo
muito dolorido e quase proibitivo para todos nós. E nessa dor ficaram enterradas muitas
imagens de aniversários multicoloridos da década de 1980. Alguns, inclusive, em
que era eu a soprar as velinhas.
Receber essas recordações, tão despretensiosamente, ao fim
de um domingo, me trouxe tantas coisas boas... Um amigo que viu as fotos (aquele,
de BH, que conheci no aeroporto) comentou comigo que meu cabelo era penteado no
mesmo sentido desde que eu era bebê praticamente. Como não amar reencontrar
parte da sua história?
Até o Barba Feita. Vejam vocês que o dono deste site/blog e colunista das segundas-ferias éo Leandro Faria, amigo que começou mais próximo do meu companheiro,
Cristiano, e hoje em dia o moço é um dos meus maiores parceiros do dia-a-dia.
Confidente e verdadeiro. E ainda me apresentou aos demais meninos que aqui
escrevem, por quem muito nutro carinhos semelhantes.
A vida pode ser dura, mas tem suas recompensas. Às vezes, são
tão pouco espalhafatosas que nem nós mesmos percebemos. Mas se fazem presentes
sempre. Presentes em presença e presentes em dádivas. Seja numa foto, num
aeroporto, num grupo de WhatsApp ou comendo um bolo de chocolate, temos a oportunidade de celebrar e lembrar
que tudo vale a pena.
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Paulo Henrique Brazão, nosso colunista oficial das quartas-feiras, é niteroiense, jornalista e autor dos livros Desilusões, Devaneios e Outras Sentimentalidades e Perversão. Recém chegado à casa dos 30 anos, não abre mão de uma boa conversa e da companhia dos bons amigos.
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