Dando continuidade à lista que
iniciei semana passada, um outro espetáculo me fascinou: a sempre belíssima cantata
Carmina Burana, no Theatro
Municipal em junho. Em um ano onde servidores
do Estado do Rio ficaram sem receber seus salários (inclusive todo o corpo de
bailarinos, coro e orquestra do teatro), ver uma montagem desta categoria foi
emocionante. Em um tom de protesto, a
obra de Carl Orff, que mostrou um final metafórico de uma possível esperança
(que acabou não chegando até o fim deste ano), levou o público às lágrimas, que
aplaudiu de pé por ininterruptos 10 minutos após o espetáculo.
No cinema, três filmes mereceram
destaque: o incrível Corra!, que
trouxe a sensacional estreia do humorista Jordan Peele na direção do longa, que,
com um roteiro surpreendente e totalmente envolvente, soube misturar terror
psicológico, preconceito e racismo, levando o espectador à uma tensão crescente
e completamente incômoda dentro da sala de projeção. O segundo, que causou estranheza e tensão na
mesma proporção, foi Mãe!, do
diretor Darren Aronofsky (o mesmo de Cisne
Negro). Nesta nova obra-prima, Aronofsky juntou Jenniffer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris e Michele Pfeiffer em uma
metáfora arrepiante sobre a Criação divina desde Adão e Eva passando pela
Última Ceia e o nascimento de Jesus Cristo até o sinistro rumo que a humanidade
está enfrentando na atualidade. Não
existe a possibilidade de sairmos do cinema da mesma forma que entramos diante
de um filme tão chocante e altamente perturbador. E, para finalizar a sessão pipoca do ano de
2017, um longa nacional mereceu muitos aplausos: Bingo: o Rei das Manhãs, que retrata a história do ator de
pornochanchadas Arlindo Barreto que foi o palhaço Bozo, ídolo infantil dos anos
1980, brilhantemente interpretado por Vladimir Brichta, que com maestria soube encarnar
todas as crises pessoais de identidade e os problemas com as drogas que
envolviam a personagem.
Na literatura, Santiago Nazarian,
com seu thriller pós-terror Neve Negra, e Fernanda Torres, com o romance A Glória e seu Cortejo de Horrores mereceram todos os destaques. Eu já tinha falado aqui mesmo no Barba Feita
sobre o livro do Santiago, que foi devidamente devorado em dois dias. A ótima Fernandinha também me deixou
extasiado com a deliciosa narrativa sobre o universo teatral e televisivo dos
anos 1960 até os atuais, em um panorama cáustico e irônico de toda uma geração.
Pra finalizar, gostaria de
desejar um Feliz Natal a todos os leitores do Barba Feita, com muita luz! Ah, esperem aí... eu também não poderia
deixar de finalizar essa edição natalina sem falar da coisa que eu mais abomino
no mês de dezembro (Simone cantando Então é Natal nas Lojas Americanas não
conta, pois já é hors concours) que são as famigeradas caixinhas de Natal. O porteiro que nunca te dá bom dia e que
passa a ter em cima da mesa de trabalho aquela caixa horrorosa embrulhada em um
papel vermelho com um buraco; que é a mesma de da mulher mal-educada do caixa
do supermercado, da padaria, do açougue e do horti-frutti. Também tem aqueles “livros de ouro” do
faxineiro e do vigia; além do envelopezinho do entregador d'O Globo que, “coincidentemente”
se transforma em duas pessoas por causa da revista semanal que também vem junto
com o jornal. Ah, também tem o cara da
Light, do Correios, da Oi, da NET, da CEG... Enfim, “num gueeeeento” isso, gente!
Para, por favor! Enfim, só foi um
desabafo pré-natalino!
No mais, hohoho para todos e
abusem dos panetones, rabanadas, castanhas, mas não esqueçam que o verdadeiro motivo
desta festa é a renovação da fé! Feliz
Natal a todos vocês, amigos!
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