Todo ano eu falo a mesma coisa... Quando assisto aquela Retrospectiva na TV, com o centenário Sérgio Chapellin,
tenho a impressão que passei seis meses da minha vida morando em... Marte! “Como seria possível eu não saber que tal fato
aconteceu, ainda mais eu sendo um profissional de comunicação????”, “Como
assim fulano morreu????”
O lance é que nossa rotina está cada vez tão mais
atribulada que acabamos não prestando muita atenção em mais nada ao nosso
redor. Como já dizia o sociólogo e
filósofo Zygmunt Bauman (que infelizmente nos deixou em 2017), “a vida é
líquida”.
Junto com Bauman, dois-mil-e-dezessete
foi um ano de grandes perdas. Partiram
dessa para melhor a inigualável Rogéria, os diretores de cinema Tobe Hooper (de O Massacre da Serra Elétrica e Poltergeist, o Fenômeno), George Romero (A Noite dos Mortos-Vivos) e Johathan Demme (O Silêncio dos Inocentes e Filadélfia);
os atores David Cassidy (o eterno ídolo da Família Dó-Ré-Mi), o primeiro Batman
- Adam West, Roger Moore (que por sete vezes interpretou o agente secreto
britânico James Bond, o 007), Bill Paxton (Titanic, Aliens e Twister),
Mary Tyler Moore, o inigualável Jerry Lewis, a ícone do cinema francês Jeanne
Moreau e os brasileiros Nelson Xavier, Eva Todor e Marcia Cabrita; o escritor
William Petter Blatty (o autor de O Exorcista); o estilista Ocimar Versolato;
os cantores Belchior, Wilson das Neves, Luiz Melodia, Jerry Adriani, Kid Vinil,
Chester Bennington (Linkin Park), Chris Cornell (Audioslave / Soundgarden),
Fats Domino, Tom Petty, Al Jarreau, Malcolm Young (guitarrista fundador do
AC/DC), Chuck Mosley (o primeiro vocalista do Faith no More) e o lendário Chuck
Berry.
Foi um ano de tragédias, ataques
terroristas, massacres em presídios, violência extrema, assaltos, saúde pública
totalmente em colapso, prefeito e governador sem dar as caras no Rio; EUA e Coreia do
Norte já antevendo o iminente “vai dar merda nuclear”; o ano dos memes da
Gretchen, do funk e da bunda com celulite da Anitta; do sucesso de Pabllo
Vittar em meio a tanta hipocrisia; da repugnância constante à cultura
Bolsonaro; da corrupção, corrupção, corrupção, corrupção e mais um pouco de
corrupção.
Foi um ano de mais “Fora Temer!”
já perdendo as forças. Um ano de
reformas políticas, previdenciárias e trabalhistas absurdas com o silêncio das
panelas que outrora sabiam batucar tão bem.
Foi um ano onde o Alladin da Mocidade Independente de Padre Miguel voou alto
em um carnaval trágico, trazendo o brilho necessário para resgatar e dividir,
aos 45 do segundo tempo, o troféu que já havia sido levantado pela Portela.
Foi um ano de Moonlight e La La Land. Também foi um ano onde The Who, Aerosmith,
Nile Rodgers & Chic e Alice Cooper, ou seja, a galera roquenroll oldschool
tocou que nem adolescente em mais uma edição do Rock in Rio e lavou a alma. Foi o ano em que mais uma vez esquecemos quem
ganhou o BBB e quem ganhou o The Voice.
Foi um ano em que ficamos até 1 da manhã assistindo MasterChef. Foi um ano em que Tatá Werneck e Pedro Bial
brilharam com seus respectivos Lady Night e Conversa com Bial; o novelão A Força do Querer, de Glória Perez, resgatou a audiência perdida do horário nobre
da TV aberta e personagens inesquecíveis como a Bibi Perigosa, de Juliana Paes, a
trans Ivana / Ivan, da estreante Carol Duarte, e as experientes e sempre maravilhosas
Lilia Cabral e Elizângela.
Foi um ano em que acabamos com
todas as nossas unhas assistindo a segunda temporada de Stranger Things e
querendo adotar para nossa vida aquelas crianças fofas. Foi um ano que vimos a ira de alguns setores
da sociedade com a exposição QueerMuseu em Porto Alegre, que viu pedofilia
onde não existia. Curiosamente, a mesma
sociedade que assiste escondida no calar da noite vídeos que fariam o Marquês
de Sade morrer de vergonha.
Dois-mil-e-dezessete foi o ano do
“pisa menos”, do “sapão”, do “homão e do mulherão da porra”, do “nunca nem vi”,
do “seje menas”, do “Deus me defenderay”, do “atenta”, do “yukê?” e do “você
quer?”, do “sai hétero!”, do “vem de zap” e do “embuste”. Mas se pudéssemos resumir,
dois-mil-e-dezessete foi definitivamente, o ano do “ranço”.
Preparados para 2018? Que venha!
A gente mata no peito e chuta pro gol!
Até ano que vem, meus lindos!
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Um comentário:
Queermuseu não havia pedofilia, mas tb não havia faixa etária indicativa, o que não deixa de ser uma violência para com nossas crianças!
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