É hora de falar sobre política,
pois nos dias de hoje, é necessário termos um canal aberto para dialogarmos
sobre esse assunto. Afinal, as eleições
estão aí na nossa porta. E depois não
adianta chorar pelo leite derramado.
Muitas vezes tenho a impressão de
que política sempre foi um assunto desinteressante para a maioria das
pessoas. Quase todo mundo torce o nariz
quando, em uma rodinha de amigos, o tema surge.
E aí começam as farpas, brigas e o esvaziamento do discurso. E é nítido que mais da metade das pessoas
sequer compreende um centésimo sobre o assunto.
Eu, particularmente, não sou e nunca serei um expert em política. Afinal, também fui um daqueles jovens que não
tiveram, em sua formação, uma discussão mais profunda sobre o tema, mas sempre
me interessei em ler.
A palavra “política” vem do grego
antigo (politeía), do tempo em que as cidades estavam organizadas em
cidades-estado (as pólis) e sua administração social. Aristóteles já categorizava, em seus estudos
as funções e divisões do Estado e as várias formas governamentais. O livro A República, de Platão, tinha em seu
título original a palavra em grego antigo e outros filósofos, como Hobbes, Russel e Maquiavel, expandiram o conhecimento do conceito nas ciências políticas e sociais,
utilizando-se de conceitos um tanto quanto “cruéis” se analisarmos da forma
imprecisa. O Príncipe, obra-prima de Maquiavel,
por exemplo, se confunde com o adjetivo relacionado ao autor: maquiavélico.
Na verdade, ao contrário do
pensamento idealista de Platão, Maquiavel só descreveu, de forma bem realista e
prática, a atuação do governante, traçando o perfil do indivíduo que buscava o
poder. O autor não pregou, na obra,
ideias de falsidade ou perversidade, mas a arte de conquistar, manter e exercer
o poder acabou sendo mal-interpretada.
Milhões entenderam que a obra preconizava a corrupção.
É notório que O Príncipe é o
livro de cabeceira de muitos políticos brasileiros, que entenderam tudo errado. Outros já caíram do poder pois não seguiram
os conselhos do pensador italiano, dentre eles, coisas simples como “agradar o
povo”, sim, aquela velha história do “dê-lhes pão e circo”, mas com sabedoria
e perspicácia.
Outro dia li um livro bem
interessante chamado A Queda de Dilma, escrito pelo jornalista Ricardo
Westin, a quem que tive o prazer de assistir ano passado em uma palestra em
Brasília. Westin estava explicando que a
ex-presidente cavou a sua própria derrocada política exatamente por não ter
seguido as lições políticas de Maquiavel, como ter sido mais criteriosa na “escolha
de seus ministros” ou ter “feito as maldades de uma só vez e as bondades a
conta-gotas”.
E, se analisarmos o atuação do governo
vigente, ao que tudo indica, a lição foi aprendida com louvor. Ou alguém aí consegue respirar e pegar fôlego
com o pacote de maldades sequenciais?
O próprio Maquiavel já dizia que “os
aliados atuais são os inimigos de amanhã”.
Política é bem diferente de politicagem.
Mas assusta muito saber que essa
visão realista é a cara do nosso cenário político atual. E como ninguém entendeu Maquiavel, é bem
provável que ninguém consiga entender toda essa balbúrdia em que se transformou
o Brasil.
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