Dentro de algumas horas, estaremos entrando no último mês de 2018, um ano que literalmente voou sob nossos olhos. E de agora até o reveillon é quando apertamos o passo para que cruzemos a faixa da chegada. Dezembro termina em um simples piscar de olhos.
Esse é o mês que mais gosto, pois é quando comemoro mais um ano de vida - alô, alô, dia 4 quero muitos parabéns - e os dias parecem ser mais alegres, com aquele vai-vem apressado de pessoas esbarrando umas às outras, sob a proteção do céu ainda brilhante às 7 da noite por causa do horário de verão.
As disputas de “altinho” no quebra-mar e os aplausos para o rei-sol se intensificam com a mesma proporção pela disputa dos aparelhos de supino reto nas academias. Corpos malhados, exibição dos músculos e suor escorrendo. Sim, dezembro é um mês sexy.
São dias de shoppings frenéticos, ambulantes disputando espaço, picolé Moleka derretido na camisa branca, tatoos multicoloridas, biscoito Globo e Mate limão.
As baianas das escolas de samba, enrugadas, enxugam a fronte com suas toalhinhas, rodopiando com a mesma vitalidade dos corpos delineados das mulatas que se requebram nos ensaios de rua.
Os bares das esquinas esticam o happy hour das empresas. Entre uma caneca de chope e uns petiscos, os presentes dos amigos-secretos vão sendo revelados, um a um.
Simone com seu hit jurássico bomba no sistema interno de som das Lojas Americanas e os clientes nem percebem mais.
Os taxistas cobram a bandeira 2, o porteiro cobra a caixinha, assim como o entregador do jornal, o carteiro, a caixa do supermercado e até o atendente do açougue (que tira a gordura da carne mas que você jurava que nem existia até ontem) pedem para que você assine o tal “livro de ouro”, encapado com um papel amarelo-ovo e escrito à mão de um jeito infantil com canetinhas hidrográficas.
Os gringos, avermelhados, se divertem com os travestis da Lapa. Vozes múltiplas se misturam aos sotaques e, em cada esquina, é reproduzida uma nova versão da torre de Babel bíblica, para que minutos depois, o céu desabe em dilúvio. Chuva de verão. Mas que transbordam rios.
Enquanto isso, Drummond, de costas, observa o movimento dos barraqueiros, que, às pressas, recolhem os guarda-sóis.
A Lagoa fica engarrafada por causa da grande árvore flutuante. Os cômodos das casas são impregnados pelo cheiro das rabanadas. A figura do rei-cantor, como em um déja-vù, é exibida na TV.
Pisca-piscas nas varandas, tilintar de taças, roupas brancas e fogos explodindo. A contagem regressiva inicia mais um calendário. Doze novos meses, 365 novos dias para centenas de novos projetos e desafios.
Então, dezembro chegou. E o que você fez?
PS.: a coluna de hoje é em memória ao grande Bernardo Bertolucci, cineasta italiano que nos deixou na última segunda feira. Bertolucci, que dirigiu obras primas como o polêmico O Último Tango em Paris e clássicos como O Último Imperador e Beleza Roubada entre muitos outros, deixou um dos meus filmes prediletos, que estará para sempre na minha lista dos meus top 10: Os Sonhadores. Sonhe em paz.
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