Nunca li Shakespeare! Ufa... Admitir
isso foi bem mais fácil do que pensei. Pode parecer estranho para vocês, mas há
dois dias estava martelando em minha cabeça essa minha falta com o dramaturgo
inglês.
Vejam bem. O fato de nunca ter
lido Shakespeare não significa que não conheço parte substancial de sua obra. A
gente acaba aprendendo por osmose sobre uma das maiores “tragédias” de amor já
escritas. Romeu e Julieta possui inúmeras adaptações, incluindo a versão teatral
com músicas de Marisa Monte, que recomendo muito! Já no cinema, Claire Danes e
Leonardo DiCaprio ocupam o posto de Julieta e Romeu da minha adaptação favorita,
dirigida por Baz Luhrman e lançada em 1996.
Mas nem só de Montéquios e
Capuletos viveu o famoso autor. Em sua lista de personagens icônicos e
histórias memoráveis nós temos: Hamlet, Otelo, Macbeth, A Megera Domada,
Ricardo III e por aí vai. Por conta de seu vasto trabalho, William contribuiu
diretamente (indiretamente também) para o surgimento de incontáveis obras que foram,
de alguma maneira, derivadas de seu trabalho original.
Talvez até venha daí esse meu
questionamento interno. Como posso me considerar um roteirista se não conheço
Shakespeare? Se não conheço seus versos, falas, diálogos marcantes e toda sua
estrutura de tramas - das trágicas às engraçadas - que refletem um pouco da
alma humana em cada um dos seus personagens. Como poderei me considerar um roteirista
sem uma bagagem importante como essa? Porque ter consumido obras que foram
baseada/inspirada em um original de Shakespeare, não se compara ao contato
direto com sua obra escrita.
Passei os últimos anos estudando
roteiros, assistindo filmes, devorando séries e consumindo todo tipo de
literatura. Assumo que não dei atenção aos clássicos. Posso colocar na minha
lista só o já badalado e festejado O Conde de Monte Cristo (que é um livro
sensacional e recomendo muito sua leitura, tão divertida e emocionante quanto
suas adaptações). A parte boa disso tudo é que andei atento ao que de contemporâneo
vem sendo produzido, inclusive por aqui no Brasil. Posso não dominar todo o diálogo
do balcão entre os enamorados, mas conheci autores nacionais maravilhosos e que
são uma referência atual e bem pulsante de um mundo completamente diferente do
vivido por Shakespeare.
Escrever esse texto me deixou um
pouco aliviado, mas não menos culpado. Shakespeare merece um pouco de
prioridade na minha lista de próximas leituras. Só que também não vou deixar de
lado os escritores que estão produzindo agora. É preciso aprender um pouco da linguagem
“clássica”, só que também é fundamental estar atento ao que é dito e produzido agora
nesse mundo tão louco e perturbado que estamos vivendo.
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Silvestre Mendes, o nosso colunista de quinta-feira no Barba Feita, é carioca e formado em Gestão de Produção em Rádio e TV, além de ser, assumidamente, um ex-romântico. Ou, simplesmente, um novo consciente de que um lance é um lance e de que romance é romance.
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A opinião dos colunistas não representa necessariamente a posição editorial do Barba Feita, sendo estes livres para se expressarem de acordo com suas ideologias e opiniões.
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