Amo retrospectivas. E, geralmente, nesta época de fim de ano começamos a exercitar a memória para relembrar de fatos que aconteceram ao
longo de doze meses. E, muitas vezes,
obviamente, esquecemos. Ou sequer
soubemos que tal fato realmente ocorreu.
Quem nunca se espantou assistindo as tradicionais retrospectivas do
Globo Repórter na TV Globo? “Como assim fulano morreu?”... “E será que eu estava viajando em Júpiter quando
tal fato aconteceu?”
O que temos de concreto é que
realmente o tempo é líquido. O
sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman nunca esteve tão certo. A contemporaneidade e a tecnologia cada vez
nos isolam mais. Vivemos dentro de
nossas bolhas, como naqueles filmes de ficção científica, ou num episódio de
Black Mirror.
O fato é que 2018 está chegando
ao fim. Um ano complicado e cheio de
nuances perturbadoras. Nos estressamos e
rompemos amizades por causa de política.
Por causa da intolerância. Por
causa do preconceito. Porque não nos
colocamos no lugar do outro. Foi um ano
em que a sociedade olhou para seu próprio umbigo e esqueceu que sim, vivemos em
uma cadeia social. Mas, afinal, quem
realmente se importa com o outro?
Teve tentativa de escola-sem-partido,
teve kit-gay, teve facada, teve fake-news (ô se teve), Lula foi preso,
Jojo Toddynho deixou os peitos soltos e Gilmar Mendes continuou soltando também,
Anitta fez uns 300 clipes, Pabllo Vittar se manteve nas paradas, Brasil perdeu
mais uma Copa do Mundo, a greve dos caminhoneiros parou o país, Silvio Santos
se tornou mais gagá, Adriana Esteves fez uma nova versão de Carminha com
sotaque baiano e um sessentão David Byrne ratificou que é um showman nos palcos.
Perdemos Bernardo Bertolucci,
Milos Forman, Stan Lee, Montserrat Caballé, João Nery, Burt Reynolds, Kofi
Annan, Stephen Hawking, Angela Maria, Mark E. Smith, Dolores O´Riordan, Dona
Ivone Lara, Mr. Catra, Beatriz Segall, Aretha Franklin e Marielle Franco,
deixando o mundo cada vez mais chato.
A Beija-Flor foi campeã no
Sambódromo com um sambão de primeira, mas com um visual tosco; prometemos pela
milésima vez que não acompanharíamos a nova edição do BBB e, no fim, estávamos
torcendo para Gleici, Kaysar e a família Lima; não desgrudamos o olho de Fernanda Lima e seu
Amor & Sexo, cada vez melhor e essencial; nos surpreendemos com a
eliminação de Priscila Tossan no The Voice e sua versão reggae “o xapo num lavupé”; perdemos horas e
horas de sono com as séries da Netflix; choramos todos com o incêndio absurdo no
Museu Nacional reduzindo a cinzas, séculos de histórias; nos emocionamos e torcemos com o resgate dos
meninos presos numa caverna da Tailândia.
E tudo isso ainda é pouco. Mas é tudo verdade esse bilete. Mas é o que minha memória alcançou. E sei que assistindo ao Globo Repórter, terei
a certeza de que passei uma temporada em Júpiter.
Ah... não percam: já que estamos falando de retrospectiva, a partir de segunda, os colunistas do Barba Feita vão indicar os melhores do ano. Todos os dias, daremos as caras aqui com nossas indicações. E, olha... sem dar spoilers, está bem curiosa a nossa lista.
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A opinião dos colunistas não representa necessariamente a posição editorial do Barba Feita, sendo estes livres para se expressarem de acordo com suas ideologias e opiniões.
Um comentário:
Kkkkkkkkkkkk vc sempre hilário e com ótima memória!!! Mas "o xapo num lavupé" era "xato" demais!!! Rsrsrs
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