Iniciamos um novo ano. Trezentos e sessenta e cinco novos dias para estarmos abertos às oportunidades que surgirão. Entendo que o momento é de cautela, pois precisamos estar atentos como se estivéssemos em um grande campo minado. Somos como bêbados equilibristas com chapéu coco fazendo irreverências mil.
Já passamos por muito desgaste e precisamos sentir na pele. Mas cada vez mais tenho a certeza de que a população tem a memória curta, ou é masoquista. Mas não quero falar sobre isso.
Queria somente lembrar que temos trezentos e sessenta e cinco dias para rever nossas atitudes. Para deixarmos de retroceder ao invés de avançar. Para deixarmos de acreditar que obrigatoriamente menina veste rosa e menino veste azul. Não é a cor de minha roupa ou a cor da minha pele que vai definir as minhas atitudes ou influenciar na minha personalidade. Não é só porque a “maioria” é judaica-cristã que precisamos esconder debaixo do tapete as demais religiões.
Que tenhamos trezentos e sessenta e cinco novos dias para compreender que diretrizes e políticas públicas de promoção aos direitos humanos não são uma forma de defesa para bandidos. Os direitos humanos são meus, seus e de todos. E que vão desde o atendimento digno a uma emergência em uma unidade de saúde quanto ao direito de ter um filho estudando em um colégio.
Temos mais trezentos e sessenta e cinco dias para se pôr no lugar do outro. De respeitar as diferenças e guardar os preconceitos dentro de uma caixa que fique bem escondida em um canto esquecido qualquer.
Que tenhamos a consciência de que nosso lugar é aqui. Que pessoas não precisem partir desta terra em um rabo-de-foguete deixando Marias e Clarices chorando sob a terra.
Que tenhamos mais trezentos e sessenta e cinco dias para nos equilibrarmos sob a corda bamba. Somos esses bêbados sim, com todo orgulho. Somos a esperança. E sabemos que o show tem que continuar.
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