“Morre quem mereceu e quem não merecia
morre quem viveu bem e quem mal sobrevivia
morre o homem sadio e o que fumava e bebia
morre o crente e o ateu um do outro companhia”
(Cadáver Sobre Cadáver – Titãs)
Volta e meia eu abordo o tema da finitude por aqui. Apesar da certeza de que um dia todos nós partiremos, ainda é muito sofrido pensar nisso, pois sempre tive pavor da morte. Não sei explicar se é exatamente o pavor de morrer ou o fato de deixar de viver. Pode parecer para muitos a mesma coisa, mas no meu entendimento, são situações distintas.
Tenho medo de sentir dor. Para mim, dor e morte estão intrinsecamente conectados. Ilogicamente (admito), acabo muitas vezes postergando ações que poderiam promover minha saúde, com medo de sentir dor e morrer. Tenho medo do ataque cardíaco fulminante, da explosão do tiro, da queda do avião, do afogamento. Penso sempre naqueles momentos que devem ser agonizantes, como os que Alfred Hitchcock mostrava nas telas. O cineasta dizia que gostava de captar a expressão do horror que vinha antes do fato que causaria a morte em si: a expressão do medo de alguém tentando se livrar Dela.