Já tinha um tempinho que eu não me reencontrava com o cinema de Almodóvar. Ou melhor, com Almodóvar no cinema. Desde Abraços Partidos, dez anos atrás, eu não via um dos meus diretores favoritos na telona. Nem sem explicar bem por quê. Muito provavelmente porque não moro tão perto dos cinemas onde seus filmes costumam passar (o que não é muita desculpa, pois eu morava ainda mais longe no meu ápice de consumo de Almodóvar). A Pele que Habito e Os Amantes Passageiros eu assisti em casa, depois. E Julieta ainda não vi...
Após algum tempinho em cartaz, temia que Dor e Glória saísse do circuito. Mas consegui ir no último fim de semana garantir esse reencontro. O palco foi o cinema que durante muito tempo era o meu templo dos filmes de arte, o antigo Espaço Unibanco de Cinema, agora Estação NET Rio, em Botafogo. Quantas e quantas vezes não montei meus roteiros com dois, às vezes três filmes num dia só, indo de um lado para o outro pelas ruas do bairro: Espaço Unibanco, Estação Botafogo, Cinemark, Unibanco Arteplex... Algumas vezes, um filme já estava prestes a começar quando o outro terminava e eu precisava, literalmente, correr. Bons e velhos tempos de uma época que parece, definitivamente, que não deve se repetir (saudades carteirinha de estudante e poucos compromissos na vida...).